quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Os Natais da minha infância, e a história de uma boneca que veio de Itália


 Para aqueles que, como eu, estão na faixa etária dos quarentas, ou mesmo cinquentas, decerto terão memórias dos natais nos idos de 50 e 60 do século passado.
Tudo era bem diferente dos tempos que hoje se vivem, e a magia do Natal fazia-se sentir de uma forma também ela bem distinta.
Para mim, nascida e criada em Alenquer, tudo começava quando, ao longe, vislumbrava na encosta sobranceira ao Convento de S. Francisco duas casinhas com luzinhas coloridas nas janelas. Era o sinal inequívoco - qual Grândola Vila Morena natalícia - de que a quadra festiva se aproximava a passos largos.
Da minha casa, na Vila Baixa, afastada do centro, não se via o Presépio que desde 1968 se ergue na encosta, mas sempre que ia à rua ficava encantada com toda aquela cor.
O que mais me fascinava eram as montras das lojas (duas, se a memória me não falha) que se enchiam de brinquedos.
Nessa época, era costume os meus pais irem até Lisboa. Naquele tempo ir à capital era dia de festa.
Recordo que íamos de manhãzinha, de autocarro até Vila Franca de Xira, e depois de comboio até Lisboa. Fazíamos compras, normalmente vestuário, ou calçado, e depois ficávamos para almoçar no restaurante (coisa que eu adorava), e de tarde assistíamos a uma matiné de cinema infantil, ou passeávamos até chegar a hora de voltar para casa.
Ponto de paragem obrigatório eram, claro está, as montras de brinquedos.
Eu ficava perfeitamente extasiada com os brinquedos da Casa Bénard, Quermesse de Paris, ou bem defronte desta última, a então Casa Pinóquio. Qualquer uma delas me fascinava. Normalmente era naqueles momentos que eu “escrevia” a carta ao Pai Natal, ou ao Menino Jesus, pois qualquer santinho me servia para acolher os pedidos, e se os presentes viessem a dobrar, melhor!
Ali ficava, horas a fio, a dizer aos meus pais:
- Mãezinha, paizinho, olhem aquela boneca tão linda…e aquele conjunto de chá em loiça tão querido que é…e o “Pai Natal”, e o “Menino Jesus” lá iam anotando mentalmente os desejos…

 Esta foto não é minha, foi tirada na Internet. Trata-se do Pai Natal e trenó que estavam em frente à Casa Pinóquio no ano de 1968.


Esta outra também é da Internet e foi tirada em frente à Quermesse de Paris. Julgo que, pelo tipo de brinquedos deva ser dos anos 40.

Por vezes acontecia entrarmos nas referidas lojas, e eu lá ia toda satisfeita, percorrendo os corredores que me pareciam sem fim, de nariz colado às vitrinas.
Normalmente, via a minha mãe em alegre conversa com as funcionárias, mas estava de tal ordem aturdida com os brinquedos, que nem queria saber do teor das conversas…
Só mais tarde comecei a perceber que ela se inteirava dos preços…
Nas décadas de 60 e 70, bonecas, triciclos, carros, cornetas e servicinhos, estavam entre os preferidos da criançada. De notar que, em cada ano havia sempre um brinquedo que se destaca nas vendas, e pelo que consegui apurar, no Natal de 1964, ano do meu nascimento, todas, ou quase todas as meninas queriam o mesmo no sapatinho: um bebé-chorão (a moda pegou de tal forma, que eu também o tive, uns anitos mais tarde). Nesse ano, só em Portugal, vendem-se uns inacreditáveis 200 mil, em lojas como a Bénard (das mais antigas, situada na Rua Garrett, fundada em 1868), Quermesse de Paris, etc.
Em 1965, a grande novidade são as pistas de automóveis eléctricas. Para além destas, os meninos andam loucos com os automóveis em miniatura – Dinky Toys.
Corria o ano de 67, e a moda foram as bonecas que choravam e riam.
Quem não podia pagar os preços das lojas de brinquedos, limitava-se a deslocar-se até à Praça da Figueira, Largo de Camões e Rato, aonde alguns vendedores ambulantes faziam negócio.
O plástico é a grande revolução destas décadas. Bonecas e carrinhos de plástico. A lata é substituída a pouco e pouco pelo plástico, e em alguns casos, há brinquedos que apresentam ambos os materiais. São exemplo disso a máquina de costura, o ferro e tábua de engomar, a batedeira eléctrica, entre outros. O preço final do brinquedo fica  mais barato. Ainda assim, conta o Diário de Lisboa de 24 de Dezembro de 1965 que… o Natal é a época dos meninos que, felizes, escolhem dentro das lojas os brinquedos que vão possuir e dos meninos que de fora, nariz esborrachado contra o frio dos vidros das montras, olham os brinquedos que nunca terão…
E, foi justamente na Casa Pinóquio, uma das já anteriormente citadas, e com os meus oito anitos, altura em que já sabia como é que funcionava todo o esquema do Pai Natal e Menino Jesus, que consegui “depenar” os ditos. Nesse ano, dentro da loja, foram estas as palavras da minha mãe:
- Sandrita este ano o Menino Jesus e o Pai Natal ficam depenados!
Bom, convém dizer que ainda não se sabia o significado da palavra Troika…
E ficou depenado sim senhor, com a aquisição de uma linda boneca italiana, a qual continua a fazer-me companhia.


                                          Eu, minha mãe e a boneca Katiucha


A dita veio para as minhas mãos ainda antes do Natal. Foi baptizada de Katiucha devido aos seus belos olhos cinza azulados. Brinquei com ela vezes sem conta, sem nunca entender porque é que a boneca sempre que apertada na zona da barriga (enchimento com espuma) fazia um barulho semelhante aos plásticos…aquilo era, e foi um mistério, até há bem pouco tempo atrás.
Um belo dia, enchi-me de coragem, e decidi-me a abrir a parte de trás da boneca (havia uma pequena mola no revestimento de tecido que podia ser aberta, e pela qual se acedia ao interior). Com muita cautela introduzi os dedos por ali adentro e, para espanto de todos, o que “pesquei” foi nada mais, nada menos, do que um saco de plástico com umas 100 gr de droga!
Conclusão lógica:
- Nos princípios dos anos 70 do século passado, entrava droga em Portugal, provavelmente proveniente de Itália, escondida no corpo de inocentes bonecas.
O porquê daquela ter escapado permanecerá para sempre um mistério!





A Katiucha actualmente, com roupagem diferente. Embora a roupa original não se tenha estragado, não a consigo encontrar em lado nenhum...


Peço desde já desculpas aos meus leitores(as) pela má qualidade de algumas das fotos mais antigas, mas como tenho o scanner avariado trata-se de fotografia da fotografia…

domingo, 29 de setembro de 2013

José Malhoa - (1855 - 1933)





José Vital Branco Malhoa nasceu a 28 de Abril de 1855 nas Caldas da Rainha, segundo filho de Ana Clemência e Joaquim Malhoa.
Em 1863, vai para Lisboa, onde estuda na Escola Académica.
No ano de 1867, José Malhoa trabalha como aprendiz na oficina do entalhador Leandro de Sousa Braga que, perante o talento do jovem, o aconselha a matricular-se na Real Academia de Belas-Artes.







Entre 1870 e 1873, frequenta a Real Academia de Belas-Artes, sendo aluno de Victor Bastos em Desenho Antigo, de Tomás da Anunciação em Pintura de Paisagem e de Miguel Ângelo Lupi em Desenho de Modelo ao Vivo.
Em 1875, concorre pela segunda vez a uma bolsa de pensionista do Estado no Estrangeiro, que não lhe é atribuída. Emprega-se como caixeiro na loja do irmão, na Rua Nova do Almada, em Lisboa, uma loja de modas e confecções para senhoras e crianças.
É no ano de 1880, que o artista casa com Juliana de Carvalho. Participa na 12ª. Exposição da Sociedade Promotora de Belas Artes em Portugal, sendo-lhe atribuída a Medalha de Bronze com distinção.
Em 1881, censurado por uma cliente da loja do irmão, por ter talento para pintar e continuar a ser caixeiro, deixa esta profissão e dedica-se exclusivamente à pintura. 





Membro fundador do Grupo do Leão, participa na 1ª. Exposição de Quadros Modernos, realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa. Realiza o retrato de Carlos Relvas montando o cavalo Salero, primeiro trabalho de uma série de encomendas que o artista irá realizar até 1930 para a família Relvas.
Em 1882 participa na 2ª. Exposição de Quadros Modernos em Lisboa. A rainha D. Amélia compra-lhe o quadro Crepúsculo.




Em 1883 pinta A Lei, pintura de tecto para o Supremo Tribunal de Justiça de Lisboa.
1888, recebe a medalha de Prata na Exposição de Belas Artes da Associação Industrial Portuguesa e com A Partida de Vasco da Gama para a Índia, recebe o 1º. Prémio no Concurso para Quadro Histórico da Câmara Municipal de Lisboa.
Corre o ano de 1890,  e Malhoa é sócio fundador do Grémio Artístico em Lisboa.
No ano de 1897, participa pela 1ª. Vez na Salão da Sociedade dos Artistas Franceses, em Paris, mantendo uma presença constante até 1912.
Já em 1899, pinta o tecto da Igreja Matriz de Constância.












No ano de 1900, recebe a medalha de prata, na Exposição Universal de Paris. É feito comendador da Real Ordem de Isabel a Católica. E em 1901, é eleito presidente de honra da recém-criada Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa.
Participa na 1ª. Exposição da Sociedade (foi expositor assíduo até 1933). 
A 26 de Outubro de 1933, morre em Figueiró dos Vinhos.
Sepultado em Lisboa, o corpo do artista foi solenemente homenageado na sua passagem pelas Caldas da Rainha.






















Henrique Medina - Pintor da beleza feminina - (1901 - 1988)




Henrique Medina de Barros nasceu no Porto, na freguesia de Cedofeita, a 18 de Agosto de 1901, filho de mãe portuguesa e pai espanhol.
Levado pelas mãos da avó, com 10 anos de idade começou a frequentar a escola de Belas Artes, no Porto.
Sete anos mais tarde, em Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas Artes, apresentou o retrato da pintora Teodora Andresen, o que lhe valeu a 2ª medalha.
Aos 19 anos seguiu para Paris, ingressando na “École des Beaux-Arts”. Permaneceria na capital francesa durante sete anos.
Os convites que consecutivamente foi recebendo levaram-no depois a pintar em Inglaterra, Itália, Brasil, Argentina, Suécia, Dinamarca, Estados Unidos, País de Gales, e Espanha.
Nesses países e em Portugal, pintou figuras icónicas como Mussolini, General Justo, Charlie Chaplin, Mary Pickford, Linda Darnel, Papa João Paulo II, Oliveira Salazar, Óscar Carmona, Sidónio Pais, os príncipes Doménico Orsini e Giovanni Torlonia, …
Na primeira vez que expôs no “Salon des Artistes Français” obteve uma menção honrosa.
Passou os últimos anos de vida em Góios, concelho de Esposende, onde viria a falecer em 30 de Novembro de 1988.


                                                                                   Video extraído do Youtube

















terça-feira, 24 de setembro de 2013

Julien Dupré - ( Paris, 1851 - Paris, 1910 )



File:Julien dupre photo in studio from catalogue web.jpg


Nasce em Paris, a 18 de Março de 1851 Filho de Jean Dupré ( joalheiro ) e de Pauline Bouillie. Começa sua vida adulta trabalhando numa loja de rendas na expectativa de entrar no negócio de jóias de sua família . A guerra de 1870 e o cerco de Paris levaram ao encerramento da loja da família. Foi nessa época que Julien começou a fazer cursos nocturnos na École des Arts Décoratifs, e foi através dessas aulas que veio a ser admitido na École des Beaux -Arts.
Estudou com Isidore Pils (1813-1875) e Henri Lehmann ( 1814-1882 ) . Em meados da década de 1870 , viaja para a ,Picardia e torna-se um estudante da pintura de temas rurais.
 Em 1876 exibe a sua primeira pintura no Salão de Paris.
Ao longo de sua carreira Dupré defendeu a vida do camponês, e continuou pintando cenas das áreas da Normandia e da Bretanha , até à sua morte em 16 de abril de 1910.
A pesquisa sobre sua vida e obra está a ser levada a cabo pela REHS Galleries, Inc. , New York City



















Daniel Ridgway Knigth (15 de Março, 1839 - 9 de Março, 1924)





Ridgway nasceu na Pensilvânia em 1839. Frequentou a Academia das Belas Artes da Pensilvânia entre 1858 - 1861, após o que viajou para Paris, tendo estudado no Atelier Gleyre e com Cabanel na École des Beaux-Arts 1861-1863. Retorna então aos Estados Unidos para servir no Exército. Conheceu e casou com Rebecca Webster, e em 1871 na companhia da sua noiva volta para França, aonde ficam a residir.

Em 1873 mudam-se para Poissy - uma área rural nos arredores de Paris. Aí descobriu o assunto que iria ocupá-lo para o resto de sua vida - o lavrador/a franceses.
Seu filho, Louis Aston Knight (1873 - 1948), foi também um ilustre paisagista.
 Ridgway (pai) tinha a capacidade de retratar a figura humana com extrema naturalidade, o que o tornou  tão popular não só em vida, mas até hoje.